segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O problema da Preservação Digital

  
O principal problema da preservação digital está nos objetos a serem preservados. A preocupação se dá devido à diversidade tecnológica, o que antes era preservado em seu formato tradicional hoje se encontra acessível através de componentes de hardware, software, mídia e pessoal técnico, temos então um novo objeto de preservação, o documento arquivístico digital. Ainda que haja um esforço para se ter as melhores condições de armazenamento, esse documento se encontra em perigo, pode desaparecer. “O Conselho Nacional de Arquivos tem por finalidade definir a política nacional de arquivos públicos e privados e exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo, independente do suporte em que a informação está registrada.” (BRASIL, 2004, p.1).
A compreensão dos riscos e problemas acerca da preservação digital é fundamental, para garantir o acesso contínuo a seus conteúdos e funcionalidades, por meio de recursos tecnológicos disponíveis à época em que ocorrer a sua utilização. As mídias são suportes com tempo de vida limitado, assim há a necessidade de fazer a transferência para novas mídias, outro problema é a rápida obsolescência de software e o hardware, bem como a fragilidade do armazenamento.
Somam-se a esses problemas fundamentais da preservação digital, de acordo com Thomaz (2004), outras dificuldades de ordem técnica, política, econômica e social, dentre as quais destacamos: 
  • o risco de agravamento do problema da exclusão social (p.ex., INTO..., 1997);
  • a dificuldade de definição de estratégias e custos associados às atividades de preservação digital (p.ex. CONWAY, 1996, TASK FORCE ON THE ARCHIVING OF DIGITAL INFORMATION, 1996; HEDSTROM, 1997/1998; ROTHENBERG, 1999);
  • o agravamento do impacto ambiental com o fenômeno do “lixo eletrônico” (p.ex., ENTULHO..., 2000);

  • a falta de preparo de gestores de acervos e especialistas de preservação nas questões ligadas ao ambiente da tecnologia da informação (p.ex. ROUSSEAU & COUTURE, 1998);
  • o mercado altamente competitivo da tecnologia da informação levando a ciclos de renovação de tecnologia a cada 3 a 5 anos (p.ex. HEDSTROM, 1997/1998; BRAND, 1999);
  • a falta de linguagem própria nas diversas áreas do conhecimento para descrever os novos relacionamentos e tipos de documentos (p.ex. BELLOTTO, 1991; JARDIM, 1992);
  • a dificuldade para estabelecer as fronteiras dos documentos de natureza multimídia e hipertextual em redes distribuídas de longa distância (p.ex., INTO..., 1997);
  • no contexto digital a distinção entre documento original e cópia não é clara (p.ex. DURANTI, 2002);
  • o aumento da facilidade de uso e oferta de recursos da tecnologia da informação, acompanhado de aumento equivalente da complexidade e dependência tecnológica dos objetos digitais subjacentes (p.ex. INGWERSEN, 1995; TASK FORCE ON THE ARCHIVING OF DIGITAL INFORMATION, 1996);
  • o aumento exponencial da capacidade de armazenamento, acompanhado de redução equivalente da expectativa de vida dos meios de armazenamento (p.ex., CONWAY, 1996,);
  • o abandono de fontes de informação digital quando as instituições deixam ou perdem o interesse pelos negócios (p.ex. TASK FORCE ON THE ARCHIVING OF DIGITAL INFORMATION, 1996; LUSENET, 2002,);
  • a tecnologia digital reformula antigos papéis e traz novos atores para o sistema sócio-econômico da informação (p.ex., CONWAY, 1996; TASK FORCE ON THE ARCHIVING OF DIGITAL INFORMATION, 1996; HEDSTROM, 1997/1998);
  • a ausência de produtos de prateleira que considerem os requisitos de preservação por longo prazo (p.ex., BULLOCK, 1999);
  • os atuais direitos de propriedade intelectual/copyright podem interferir na capacidade de preservar objetos digitais através de cópia sistemática (p.ex., BULLOCK, 1999);
  • a ênfase na geração e/ou aquisição de material digital numa era de redução de recursos, ao invés de manter a preservação e o acesso aos acervos eletrônicos existentes (p.ex., BULLOCK, 1999).
REFERÊNCIAS


  
BRASIL. Conselho Nacional de Arquivos. CONARQ. Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital: Preservar para garantir o acesso. 34ª reunião plenária, Rio de Janeiro, 2004. Disponível em:



RODRIGUES, Maria L. T. S. Preservação Digital de longo prazo: estado da arte e boas práticas em repositórios digitais. 2003. 139 f. Tese (Mestrado em Estudos de informação e bibliotecas digitais). Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. Lisboa, 2003. Disponível em:



THOMAZ, Katia P; SOARES, Antônio José. A preservação digital e o modelo de referência Open Archival Information System (OAIS). DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.5 n.1 fev/04. Disponível em:

http://www.dgz.org.br/fev04/Art_01.htm. Acesso em: 06 de janeiro de 2013.



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